De volta aos palcos

Depois de um longo jejum, ontem retornei ao circuito teatral da cidade. Fausto descobriu a peça Para onde vai o trem?, encenada na Sociedade de Eubiose, na 605 Norte (L2, entrada para a Ala Norte do Minhocão – UnB), com texto baseado na obra de Hilda Hilst e Hermann Hesse. Nas palavras de Fausto, “uma peça com elenco competente e texto promissor”.

Encontramos Thaís, a qual retornou de Londres com mil novidades (e presentes: eu ganhei uma linda estátua de gato, para pendurar na parede, e Fausto um chaveiro-bússola), lanchamos no The Plates (706 Norte) e, após muita conversa boa, fomos para o singular prédio da Sociedade.

Entramos meio ressabiados; havia algumas pessoas no estacionamento e outras poucas no pátio interno. Mas não havia sinal de bilheteria nem de alguém que pudesse nos orientar. Escolhemos um cantinho e conversamos sobre amenidades, envoltos pela brisa refrescante.

Dali a pouco, vimos uma movimentação no hall de entrada e conseguimos comprar nossos tíquetes. A pessoa que nos vendeu as entradas informou-nos onde fica o palco e que os atores viriam nos buscar. E dali a mais alguns momentos, ouvimos um sino tilintar. Um homem alto e magro, barbudo e com óculos escuros, envolto em um terno preto, atraiu-nos até a porta do palco e questionou-nos sobre a peça; após certo suspense, abriu a porta e com um “O trem já vai partir...” recolheu os tíquetes e liberou a entrada.

De um lado da pequena sala, as cadeiras foram dispostas em semicírculo e algumas diante destas; Fausto escolheu estas... Não gosto muito, pois, sendo um texto interativo, quem está na frente é o alvo primeiro, não é? Depois eu soube que Thaís também tivera um mal pressentimento quanto à escolha.

A apresentação teve início: três homens e três mulheres em cena. Um das mulheres aproximou-se de Fausto e entregou-lhe uma folha com uma frase escrita. Já tremi um pouco. Dali a alguns minutos, também eu recebi uma folha – em branco. E, instantes depois, recebemos morangos. Tive receio de comer logo a fruta, pois poderia servir a alguma cena adiante; mas a indecisão durou pouco... Depois outras pessoas foram conduzidas ao centro (inclusive Fausto; primeiro de pé, após, com cadeira e tudo) ou os atores iam até a plateia. Felizmente, eu e Thaís ficamos incólumes (ah, ganhamos rosas artificiais. Mas, ao final, deixamo-las sobre as cadeiras).

A peça é intensa, com momentos de grande tensão e outros de pilhéria. O texto polifônico deixa-nos antenados a todo momento para não perder a sequência, uma vez que o passado entrelaça-se com o presente em vertiginosas lembranças. Uma verdadeira avalanche de informações, perpassadas de movimento e luz.

Concluindo, gostei muito. O retorno ao palco traz bons presságios.

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