Coletivo


Pois então. Sempre me surpreendo quando preciso viajar de ônibus ou metrô.

Desta vez, ao embarcar no ônibus que me levaria à Asa Norte, o que me chamou a atenção primeiro foi que ainda havia lugares vagos, de modo que pude ir sentada. Depois, a pantomima.

Sabem aqueles lugares antes da roleta reservados, preferencialmente, para pessoas especiais? Então, estavam todas ocupadas e, se bem me lembro, se havia uns dois idosos, era muito. Bom, a certa altura da Comercial Norte, embarcou uma senhora que ficou equilibrada próximo ao motor do ônibus. Logo contemplei as pessoas que estavam sentadas naqueles lugares e acho que não fui a única, pois ouvi alguns trechos de comentários como: "Puxa, nem vai levantar?" ou "Eles não são idosos..." Comecei a sentir a costumeira taquicardia de quando fico alterada. Minutos depois, o cobrador incorporou os pensamentos de todos e disse a uma mulher de seus 25 anos que levantasse para a senhora idosa sentar.

Com ar encrenqueiro, a mulher simplesmente disse que estava grávida e também não podia ir em pé. O homem que estava a seu lado e com quem ela conversava desde que se sentara ali, olhava pela janela e pude ver a curva de sua bochecha denunciando um riso mudo. Após esta resposta, ao cobrador e a todos nós não restou outro remédio que engolirmos nossos impropérios e continuarmos a viagem com cara de tacho. O casal continuou conversando como se nada tivesse ocorrido.

Pensei que não havia visto barriga naquela mulher quando ela estava prestes a passar pela roleta e, antes, decidiu sentar-se na cadeira preferencial. Mas tinha sido um golpe de vista rápido e casual, então eu não tinha certeza disso.

O fato foi que a mulher desceu antes de mim e, sinceramente, não vi barriga alguma. Tudo bem, pode ser que esteja nos primeiros meses, mas sei lá... A pulga não saiu de trás de minha orelha até hoje...

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