Brasília 50 anos


Embora os feriados que ocorrem às sextas ou segundas-feiras sejam os campeões de preferência nacional, esse 21 de abril foi muito bem-vindo, pois nos deu um merecido interregno na rotina estafante.

Fausto e eu escolhemos curtir o feriado sem grandes agitações. Na verdade, eu havia dito que queria fazer um "programa de índio", nada de shopping. Assim, fomos ao Taguaparque, espaço em desenvolvimento, mas que já recebe assíduos praticantes de caminhas ou jogging, bem como bicicleteiros, além de peladas e outras incursões esportivas do mesmo naipe.

Sendo assim, nada há, ainda, no parque que surpreenda o visitante. Por enquanto, acho que se trata de um ótimo espaço para essas atividades, mesmo, ou para um tranquilo piquenique em família. No entanto, caso haja um investimento para valer, futuramente pode-se ter um espaço similar ao Parque da Cidade. Aguardemos...

Retornamos para casa e Fausto dedicou-se à faina gastronômica no preparo de nosso almoço. E ficou delicioso - como sempre! Depois, enquanto eu assistia à sinuosa trajetória de Coco Channel (Coco avant Channel), Fausto jogava cartas com Morfeu.

Confesso que não sabia coisa alguma de Channel, a não ser que foi grande estilista, legando uma marca de elegância e bom gosto. Porém, embora o filme não dê destaque à transformação de uma simples costureira para a grande referência de moda, considerei o grande conflito que ela enfrentou durante sua fase pré-fama. A transparente Gabrielle, apelidada, conforme a película, de "Cocorico" pelo pai e, posteriomente, de Coco por um de seus amantes, certamente corroeu-se internamente ao ter de submeter-se a uma vida de cortesã para não findar obscuramente em alguma alfaiataria.

Imediatamente tracei um paralelo com Edith Piaf: tanto ela como Channel tinham personalidades fortes e insatisfeitas com o pouco que encontravam diante de si, considerando a alma ansiosa e rebelde que abrigavam. Tiveram amantes diversos, mas encontraram o grande amor de suas vidas em homens interditos, uma vez que eram casados. E, curiosamente, ambas perderam tragicamente seus amores. Piaf num acidente aéreo; Channel, em um de carro.

Interessante, porém, como ambas prosseguem a vida, entregando-se ainda com mais avidez às carreiras. Piaf, porém, entra em decadência, vencida pela deterioração física, ao passo que Channel constrói um verdadeiro império que sobreviveu a sua partida, aos oitenta e tantos anos.

Terminamos nosso glorioso jour ferié em visita ao meu gatil, junto aos seres mais sorridentes do mundo: os felix pantherae domésticos.

Comentários

RaquelRuiz disse…
Em primeiro lugar, ser cantora e ser estilista são coisas completamente diferentes. Posso te garantir que cantar naquela época era algo muito mais estafante do que é hoje em dia. Os shows não rendiam milhões e nem os discos vendiam tanto como agora. Vender um milhão de cópias na década de 90 era algo fácil, mas em 40, quase impossível. Além do que, os recursos tecnológicos não eram assim tão avançados, o que levava a um esforço mto maior do cantor. A Piaf entrou em decadência física tanto pelo esforço, tanto pela vida noturna (necessária numa profissão como essa), tanto pelas drogas (morfina e álcool), mas muito mais pq sofria de artrite reumática deformante entre outras doenças.
Coco Chanel, tb sofreu dificuldades ecônomicas na infância etc etc, mas com certeza o cansaço era muito menor.
Sobre o legado que Coco Chanel deixou, como vc diz, posso te garantir que tb a Piaf deixou um grande legado após a sua morte, sendo adorada até hoje como um grande ícone da Chanson Française.
As duas tiveram carreiras muito diferentes para serem comparadas assim de maneira tão superficial.
Lena Kissa disse…
Puxa, achei muito legal saber que meu blog é lido por alguém alheio a meu círculo de convivência. Uhu!

Que bom que realmente fiz um breve comentário, bastante superficial, tudo porque quis ressaltar que tanto Channel quanto Piaf perderam seus amores...

Mas insisto em algo que quis deixar entendido em meu post: admiro muitíssimo tanto a cantora quanto a estilista. Ambas buscaram realizar-se, independente do que a sociedade esperava delas (refiro-me a padrões de comportamento). Assim, um brinde à guerreira Piaf e à sonhadora Channel!

Postagens mais visitadas