São Paulo


A primeira vez que estive em São Paulo, foi para apresentar um trabalho no congresso da SBPC. Eu estava no último ano na Universidade e era bolsista do CNPq. A orientadora da pesquisa era a excelente professora Dra. Tania Serra e o tema era a androginia.

O evento ocorreu em pleno inverno, no mês de julho - imaginem! Fomos em ônibus da Real Expresso fretados pela UnB e ficamos hospedados em um alojamento de um ginásio de esportes lá em Barra Funda. As apresentações eram na PUC-SP.

Foi uma experiência e tanto. Dormíamos em beliches (do tempo do ronca!) - eu sempre temia que a cama se desmanchasse... Ainda bem que ninguém ficou na cama de cima; alojei minha bagagem lá. E o banheiro? Os boxes dos chuveiros não tinham nem cortininha de plástico. Eram todas peladas, nuas com a mão no bolso.

Toda manhã, eu me empacotava - usei até cachecol. Caminhava até a padaria da esquina e pedia misto (na época eu ainda ingeria carnes...) e chocolate quente. Ah, que chocolate delicioso! E conferia novo ânimo para iniciar o dia.

No dia da apresentação, levei todo o material para montar o painel e me produzi: blazer e tudo! Era interessante ficar ali enquanto as pessoas passavam, olhavam e, algumas, questionavam algo. Houve, é claro, a comissão do CNPq para me "sabatinar". No entanto, foi tudo tranquilo.

Nos outros dias, eu assistia a alguma apresentação sobre Literatura, é claro, que me chamava mais a atenção. Quando isto não ocorria, aproveitava para passear com colegas.

Ah, esqueci de contar que, mal chegamos, um grupinho já foi se preparando para sair. Era horário de almoço. Decidiram ir ao bairro Liberdade. Eu entrei na muvuca e não tinha a mínima ideia de como era andar pela grande cidade. Pegamos o metrô e descemos em bando naquele bairro. De imediato, tiramos fotos no Viaduto do Chá. Depois, procuramos um restaurante para acabar com quem nos incomodava. Por sorte, decidiram por um self-service, porque eu - me desculpem - não gosto de comida japonesa.

Em seguida, passeamos por centros comerciais e pequenas feiras. Vi lindos bonsai, mas não tive coragem de comprá-los, pois, além de terem de ficar no alojamento por mais alguns dias, a viagem era de ônibus e a plantinha poderia sofrer algum trauma...

Outros passeios que fizemos durante a semana: passamos uma manhã inteira perambulando pelo campus da USP; fomos ao Instituto Butantã, pertinho de lá; visitamos o shopping Eldorado, no qual fica a Turma da Mônica; fomos ao Braz, onde comprei um casaco delicioso, que me acompanhou por muito tempo; visitamos a igreja da Sé; caminhamos ao longo da Avenida Paulista à noite.

Tivemos a sorte de não passarmos por situações desagradáveis. E olha que nos deslocávamos de ônibus e metrô! Passamos, inclusive, próximo ao Carandiru, que ainda funcionava.

Anos depois, já no Mestrado, voltei a São Paulo também para apresentar uma comunicação.

Desta vez, tive a oportunidade de ir à Bienal do Livro, de onde saí com duas sacolas lotadas de livros e com a enciclopédia Larousse comprada; ao MASP, em que pude apreciar obras de Renoir; a um teatro, de que, infelizmente, não me lembro o nome, localizado nos Jardins.

Assisti à peça Valsa nº 6, de Nelson Rodrigues - intensa, assustadora, magnífica. Há apenas uma personagem no palco, o qual ficava a um metro da plateia. Foi excelente!

Às vezes, a despeito de tantas notícias ruins que chegam da grande metrópole, sinto imensa vontade de lá retornar e cumprir roteiros culturais então adiados. Quem sabe uma hora dessas...

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