Cotidiano

Acho que já disse isso, mas, enfim... Trabalho no décimo andar do prédio, mas que equivale a, pelo menos, ao décimo segundo. Às vezes, fico em uma das janelas observando a vida lá fora (porque dentro do prédio a sensação é de túmulo – tanto devido ao ar condicionado quanto pelos “colegas”...).

As miniaturas de pessoas e carros movem-se freneticamente, em sua maioria. Outros arrastam-se, como se apreciassem cada centímetro que avançavam, olhando o céu, o lago, ao longe, o horizonte.

A rua que leva a uma das entradas do prédio vira um filete, pois há carros estacionados em ambos os lados. Nos horários de pico, toda ela fica tomada pelo brilho de farois e latarias, cada um menos educado que outro, querendo ser o primeiro a passar pela “ruela”. E sobem buzinaços, perdem-se imprecações lançadas irascivelmente.

Olho o relógio e penso em como gostaria de ter poderes magnéticos para alterar os ponteiros e “Puf!” já terminou o expediente. Mas os minutos caminham com passos bicentenários e pupilas dilatadas.

Até que, finalmente, podemos guardar nossos pertences e sair da sala gélida e indiferente. E... OPA! sexta-feira!

Yes!!!!!

Ao menos por dois dias o pesadelo burocrático dormita no alto do prédio.

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