Exodus

Sei o roteiro de Os dez mandamentos de cor. Era fã da cara de mau de Yul Brynner, com aquela trança egípcia de ladinho, e me comovia com a cara de estertor de Charlton Heston. Sem dúvida, um clássico dentre os épicos produzidos por Hollywood naquela época.

No entanto, o ranço religioso, a passividade de Moisés diante dos "milagres" divinos, a própria questão dos "milagres", tudo isso cansa.

Ontem assisti a Exodus: Gods and Kings e gostei muito. Mais, até, do que gostava do antigão. Ao contrário da crítica em Le Parisien - "'Exodus: Gods and Kings': des dieux, des rois, des effets spéciaux, mais peu d'humanité", disponível em http://www.leparisien.fr/flash-actualite-culture/exodus-gods-and-kings-des-dieux-des-rois-des-effets-speciaux-mais-peu-d-humanite-19-12-2014-4387467.php#utm_content=newtab&utm_campaign=extension&utm_medium=extension&utm_source=ExtensionFactory.com&xtor=AD-32280603-[newtab], não senti falta de emoção na película. Admito que as esposas das personagens principais - Moisés e Ramsés - são um tanto quanto comedidas em momentos de extrema aflição e dor; a primeira, quando Moisés decide deixar a família para libertar seu povo e a segunda, quando morre o filho. Entretanto, creio que o foco não seja, mesmo, a emotividade, mas sim o lapidação de Moisés como novo líder self-made. Uma vez que não poderia ser o faraó, seria o "rei" dos hebreus.

Nesse aspecto, a opção de Ridley Scott por uma criança representando Deus ao invés de uma voz de Cid Moreira vindo do além, foi fantástica. E não, não é um menino doce e de cândidos olhinhos azuis; irado, irônico e exigente - o típico "Deus de Israel". Faltou empunhar uma espada de fogo... Como disse o francês, "Pour représenter Dieu, qui selon la Bible s'adresse à Moïse, le réalisateur a choisi un enfant d'une dizaine d'années, intransigeant et souvent cruel, au ton ne souffrant aucune réplique. Une idée qui, in fine, marche plutôt bien".

Ainda assim, o filme deixa a dúvida pulsante: Moisés realmente falava com Deus? Ou tudo se tratava de uma perturbação mental, a engrenagem da sede de poder deteriorando a mente?

Voilà! Assista e tire suas próprias conclusões.

Comentários

Marcos Paulo disse…
Filme formidável! Eu só daria algumas dicas para o Scott sobre a cena do Mar. Aquela lá "não teve nenhum compromisso com a verossimilhança". Tirando isso é muito massa!
Fuça lá o meu site também. Também pode ser feito comentários etc.
www.profmarcao.com.br

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