La vie est bèlle

Viajar pelas linhas bem traçadas de obras literárias tem sido um dos hobbies mais antigos e imorredouros de todas as épocas. Quem cultiva este hábito salutar traz no semblante a satisfação única que ele proporciona.
Outro dia, aproveitando o “momento cinema” que há em meu serviço, assisti ao filme francês La tête en friche (Minhas tardes com Margeritte). Ocupando, quase, toda a tela, um corpulento Gérard Depardieu interpreta o simplório Germain. Sua medíocre trajetória de vida começa a sofrer uma transformação a partir do contato com a nonagenária Margeritte, em um banco de praça, apreciando pombos.
A narrativa é leve, mesclando momentos hilários a outros extremamente emocionantes. Acompanhamos flashes da infância de Germain, hostilizado pela mãe, que, no presente, ainda o atormenta com a indiferença e as peculiaridades comportamentais trazidas pela senilidade. Maltratado na escola e pelos colegas atuais devido a sua simplicidade, sempre alcunhado de estúpido e lento, Germain encontra certo alívio nos braços de Anette, que o admira e ama como ele é.
Nos encontros de todas as tardes, Margeritte apresenta o fascinante mundo da leitura para Germain, o qual, pouco a pouco, habitua-se ao manuseio dos livros e esforça-se em melhorar sua dicção e ampliar o interesse pelas obras, uma vez que sua musa inspiradora, a jovial anciã, em breve perderá totalmente a visão, ficando privada da adorável convivência com as amadas obras literárias, companheiras de décadas.
Prepare o edredon sobre o sofá, o chocolate quente (com leite vegetal, é claro) e delicie-se com essa maravilhosa película. C’est si bon!

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