Fazendo a diferença
Como acabar com as mortes de cães e gatos no Brasil
Fonte: http://www.arcabrasil.org.br (dezembr/2010)  
Dar fim à eliminação direta e indireta de cães e gatos é possível, mas não por receita mágica ou decreto lei. Conheça o caminho e exija atitudes governamentais
da redação do Notícias da ARCA
Desde que a lei 12.916/08 tirou a responsabilidade direta do homem  sobre  a eutanásia de cães e gatos e proibiu o procedimento em São Paulo  – e depois em  outros estados – teve inicio um grande desafio para  estes brasileiros: transformar  a ficção em realidade. Será isso  possível? 
Depois da comemoração inicial veio a dura realidade. Os animais  deixavam  de ser recolhidos pelos CCZs (Centros de Controle de Zoonoses)  para morrer de  fome, doenças, atropelamentos e outros acidentes ou  ainda formas mais atrozes  como linchamentos (um exemplo são os pitbulls  pós-ataques), envenenamentos e crueldades  gratuitas. E como agravante o  previsível aumento no número de animais errantes.
É certo que todos os bichos merecem o céu de uma adoção generosa e   responsável, mas em que proporção isso acontece? Ninguém sabe. O que se  tem  notícia são indivíduos, grupos e até CCZs, lidando com as  conseqüências desse  quadro tão grave e de soluções distantes. Reparem  que não falamos de abrigos ou  de ongs, pois esses há muito perderam a  capacidade de abrigar animais em um cenário  onde a demanda por uma vaga  é muitas vezes superior a de um lar para acolhê-los.
Tudo o que foi dito acima se aplica a um centro urbano em nosso  estágio  sócio-cultural e em dimensões acima de sua capacidade de prover  soluções de  controle populacional e adoções, geralmente os que  ultrapassam 50 ou 100 mil  habitantes humanos.
Durante o ano de 2010 o especial  “Superpopulação e abandono” do Notícias  da ARCA colocou em discussão os aspectos ligados ao problema, sempre atento  a máxima: nossos caminhos começam em nossas realidades. (confira as matérias). 
Entre as possíveis soluções listadas está a execução de um plano de  controle ético que envolva prevençãoparticipação cidadã da sociedade,  o que  inclui assumir sua cota de responsabilidade para o real controle  da população  por meio da identificação e registro desses animais;  fiscalização e punição da  venda ilegal de filhotes (na capital  paulistana, eles devem ser vendidos  castrados); e legislação, mas com  leis aplicáveis para a efetiva punição aos maus-tratos e ao abandono. (castração de cães e gatos, machos e fêmeas; educação da população; 
Para isso, o poder público deve agir  com responsabilidade e  planejamento, mobilizando recursos para se estruturar e,  no caso de SP,  descentralizando o CCZ e criando pelo menos três novas unidades,  além  do tão prometido centro de adoções. Sem falar na constante capacitação e   treinamento de funcionários, melhor preparados para atender a  população, grupos  de protetores voluntários para realizar feiras de  adoção e passear os animais, entre  outras tarefas.
O olhar que vem de  fora
Este ponto de vista foi endossado na palestra da norte-americana Kate Pullen, da ASPCA (American Society for the Prevention of Cruelty against Animals), durante a conferencia Medicina Veterinária do Coletivo, realizada em agosto pelo ITEC- Instituto Técnico de Educação e Controle Animal.
Este ponto de vista foi endossado na palestra da norte-americana Kate Pullen, da ASPCA (American Society for the Prevention of Cruelty against Animals), durante a conferencia Medicina Veterinária do Coletivo, realizada em agosto pelo ITEC- Instituto Técnico de Educação e Controle Animal.
A especialista criticou o mero acúmulo de animais e, quando  questionada  sobre o atalho procurado pelos brasileiros, recomendou que  legisladores e autoridades  voltem para as mesas de planejamento e  repensem suas estratégias, cumprindo as  etapas necessárias.
Na terra do tio Sam, foi preciso três décadas de intensas campanhas e   ações por parte do governo, fundações e ongs para se alcançar a  situação de  equilíbrio populacional, com mais de 70% da população de  cães e gatos castrada,  em alguns estados. 
O evento do ITEC foi marcante ao reunir alguns dos maiores nomes da   veterinária do país e do exterior – junto com administradores de centros  de  zoonoses e diretores de abrigos – para refletirem em torno do tema.
Você em ação
No Brasil, as organizações não-governamentais não têm poder de autoridade como ocorre em outros países. Por isso, fiscalizar e punir, são tarefas do poder público. Nosso papel como cidadãos, é cobrar os governantes para que exerçam as funções para as quais foram eleitos.
No Brasil, as organizações não-governamentais não têm poder de autoridade como ocorre em outros países. Por isso, fiscalizar e punir, são tarefas do poder público. Nosso papel como cidadãos, é cobrar os governantes para que exerçam as funções para as quais foram eleitos.
Em países como a Argentina, a população não aceitou desmandos do seu   governo e bateu panelas nas ruas em protesto (os panelaços). Com isso,  conseguiu  salvar economicamente seu país e provar que é possível para o  povo alterar os  caminhos da política além das urnas.
Em  terras brasileiras, a insistência, a organização das informações e  o  envolvimento do maior número possível de pessoas têm se mostrado as  armas mais  eficientes para fazer as coisas funcionarem no campo  político. Aparentemente,  as autoridades encaram suas ações como  investimentos e agem quando percebem que  podem aumentar o número de  votos na próxima eleição. 
  
Apenas a ação conjunta de todos aqueles sensíveis, poderá dar conta de encontrar caminhos nesta questão tão complexa que desafia a maior parte dos governos do globo.
Apenas a ação conjunta de todos aqueles sensíveis, poderá dar conta de encontrar caminhos nesta questão tão complexa que desafia a maior parte dos governos do globo.
Por isso o comentado e elogiado “Especial: Superpopulação e abandono”   volta em 2011 cobrindo novos e delicados temas, como os “collectors”,  pessoas  que recolhem dezenas e até centenas de animais, mas não  conseguem ou não querem  doá-los, comprometendo sua qualidade de vida.
Leia todas as matérias do “ESPECIAL: Superpopulação e abandono”
Leia todas as matérias publicadas em 2010


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