Tempos Moderníssimos

Não, não me refiro a alguma nova moda ou a descobertas científico-tecnológicas de ponta. É só a velha e conhecida falta de tempo decorrente das milhões de atividades que deixamos tomar conta de nossas vidas.

Sim, gosto de fazer mil coisas ao mesmo tempo (devo fazer umas cinquenta, mas chegarei a mil!), gosto de pensar que assim aproveito bem cada minuto. Mas "aproveitar" pode ter tantas acepções!

Em algumas ocasiões, especialmente quanto estou realmente cansada ou com sono, decorrente das poucas horas de descanso, pois alguma tarefa exigiu parte desse sagrado momento, lembro-me do poeta britânico William Henry Davies (1871-1940):

Leisure

What is this life if, full of care,
We have no time to stand and stare.

No time to stand beneath the boughs
And stare as long as sheep or cows.

No time to see, when woods we pass,
Where squirrels hide their nuts in grass.

No time to see, in broad daylight,
Streams full of stars, like skies at night.

No time to turn at Beauty's glance,
And watch her feet, how they can dance.

No time to wait till her mouth can
Enrich that smile her eyes began.

A poor life this is if, full of care,

We have no time to stand and stare. 

Fico tão arrasada e triste. Porém não consigo vislumbrar uma maneira de me livrar das malhas da vida louca e suas infinitas obrigações...

Como fazer??? Ir pro Acre ou Roraima ou Amapá (sem ofensas) e escolher um pedacinho de mata e viver cada dia como der? No recente filme de Sean Penn, Into the wild, isso não funciona bem...

Uma das coisas que dizem é que precisamos selecionar dentre os infindáveis compromissos e afazeres aqueles que realmente são essenciais. Que, na verdade verdadeira, nós é que nos atolamos de obrigações. Não deixa de ser; e sempre penso: pra que tanta preocupação se tudo vai ficar por aqui mesmo??? O que levamos são as experiências, as vivências. E estas certamente não se vinculam a volume de tarefas.

:( 

Até o blog sofre com isso. Fico meses sem conseguir escrever uma linha. E nesses meses assisti a filmes - uns deliciosos, outros terríveis -, presenciei ocorrências cotidianas curiosas. Tudo perdido no tempo e na memória que já não é como antes.

O engraçado (ou trágico?) é que, ao vivenciar esses momentos, crio notas mentais ou mesmo inicio textos ou os estruturo. Penso: assim que chegar a um computador, registro essas ideias!

Preciso dizer a sequência? :/

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