Inveja

Se alguém se propuser a fazer um levantamento de quantas vezes utilizo a palavra "inveja", creio que haverá surpresa e espanto geral.

Sim, sou invejosa. Um defeito terrível e doloroso. Sim, sinto dor de inveja! Acreditem...

Um dos maiores, talvez o maior alvo de minha inveja horrível sejam as aves. É. Quando estou na pausa do almoço no serviço, ou mesmo no quintal, durante a sesta dos gatinhos, fico um tempão olhando os urubus lá no alto, pontinhos pretos no céu limpo ou entre as nuvens gordinhas. Imagino que o vento seja forte e a temperatura baixa, porém, eles parecem amar as alturas, planando, deixando-se levar nas correntes do ar.

E os pombos? Adoro pombos! E tenho sentido cada vez mais dó deles... Tão sujinhos e mansos, um alvo fácil da crueldade humana. Então: eles dão voos lindos, rasantes impressionantes, rebolam no ar e pousam com a mais bela leveza e elegância. Show!

Agora, os carcarás. Ah, esses são magníficos! Onde trabalho, sempre aparecem alguns na beirada das janelas. Majestosos, fortes, firmes. E quando passam voando à toda, perseguindo um pobre pombo ou simplesmente se exibindo. Indescritível!

E o bem-te-vi ousado? É capaz de perseguir o carcará e bicar sua cabeça! Ah, moleque!

Penso sempre como deve ser deliciosa a sensação de voar! É ridículo, mas penso que se houvesse realmente mutação tipo X-Men, eu queria ter essa capacidade (além de outras, é claro...). Quando eu tivesse minhas crises de estresse (se tivesse), eu voaria para longe! Adeus, chatiches! Adeus, gente intolerante e cruel!

No mundo espiritual, uma das coisas que quero trabalhar para merecer é volitar. Ah, ninguém vai me segurar! Literalmente, hehehe!

No entanto, fico aqui, bem ancorada no chão. Rastejando. *

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